sábado, 7 de agosto de 2010

Aipo bola

A leitura de livros de culinária / gastronomia escritos noutras línguas é, por vezes, um exercício de adivinhação: como se chamará este ou aquele ingrediente que nunca vimos mais gordo? Haverá tradução em português? Como descobrir se ele está à venda por cá, que nome escolher para a pesquisa no comércio?

A net, com a multiplicação geométrica de informação que trouxe, permitiu amenizar o problema. Mas, mais do que resposta, há respostas e, por vezes, o problema continua - a tradução oficial é a mesma que é correntemente usada? Dou-vos um exemplo: "scallion" ou "spring onion" - é cebolinha ou cebolinho? E  "chives", não é cebolinho também? E como distinguir vocabularmente o cebolinho que hoje em dia se vende em vasos nos hipermercados, do CEBOLINHO de folha larga que se encontra, às vezes, no MARL?

Esquisitices minhas, eu sei.

Outro engano que me causou alguns dissabores foi a errada tradução que fiz do "celeriac" (inglês) ou "céleri rave" (francês). Ora se "céleri" ou "celery" é aipo, aqueles deveriam ser da mesma família, logo substituíveis por este. Ledo engano... Imaginem fazer um puré de aipo! Foi por estas e outras que me apercebi que não estava a tratar com similares...

O que é então este celeriac? Pois, é o aipo bola do título e, como se pode ver na foto, não tem nada a ver, nem em forma, nem em consistência, com o aipo que (não?) estamos habituados a consumir.

http://www.bbcgoodfood.com/content/knowhow/glossary/celeriac/


Pode-se consumir cru ou cozinhado. Ou seja em saladas - como o nabo  ou o rábano - ou salteado, gratinado, em puré, frito - como a batata. Trabalha a solo (um pratinho de frites como aperitivo, por exemplo) ou acompanha carne. Versátil, como se vê. O seu gosto é muito discreto, ligeiramente limonado, um leve cruzamento de salsa e aipo, mas principalmente é camaleónico, adaptando o gosto dos seus companheiros de cozedura.

Mantém-se bem no frigorifico 2 a 3 semanas desde que, previamente se mergulhe em água para que fique dela bem saturado, guardando-se de seguida num saco com o interior húmido.

Já o vi à venda num hiper, mas com o caminho que as coisas levam - com aqueles a reduzir cada vez mais a oferta e a qualidade da mesma -, quer-me parecer que rapidamente a sua presença se reduzirá às lojas gourmet e mercados biológicos. O que é uma pena.

Fica a receita do puré, com os votos de que a experimentem (se encontrarem o vegetal) e que se deliciem:

1. Pelar e cortar o aipo bola e dois talos de aipo em cubos. Colocar em água a ferver. Fazer o mesmo com as batatas, considerando uma proporção de 2 batatas médias por cada bola. Acrescentar ao aipo 15 minutos depois.


2. Quando bem cozidos, escorrer e deixar secar bem. Passar no passe-vite e acrescentar nozes de manteiga.


3. Opcionalmente, acrescentar um pouco de queijo, a gosto e de acordo com o gosto (de preferência um queijo forte do tipo danish blue ou gorgonzola - eu experimentei com Castelo Branco...).


4. Migar cebolinho e juntar. (Diversificar experimentando com outras ervas - manjericão, por exemplo)


Variações: substituir a manteiga por natas; cozer os legumes em água e leite.

2 comentários:

  1. Já encontrei no Continente. O El Corte Ingles também terá... E suponho que nas lojas de produtos biológicos que foi onde descobri a pastinaga ou rutabaga, por exemplo.

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