quarta-feira, 4 de agosto de 2010

E viva o palhete!

Não deve existir português que se preze que não tenha visto as comédias do chamado período de ouro do cinema português. Em cada um de nós reside um acervo de imagens e tiradas, de cenas e piadas, naturalmente absorvidas pelas inúmeras repetições que, ao longo dos anos, fomos absorvendo.

Lembram-se d' "O Pátio das Cantigas"? O do "oh Evaristo: tens cá disto?", da "ginástica cueca", do "senhora Rosa, senhora Rosa, a sua filha chegou!"? E da cena do vinho, aquele magnífico ataque inocente à adega do Evaristo, com o palhete a jorrar em bica da parede?


Ora é precisamente o palhete que quero abordar aqui. Porque me deparei com ele em Ourém, porque o provei, porque gostei... e porque acredito que só sobreviveremos enquanto nação e país se soubermos manter viva a nossa cultura, seja ela artística ou gastronómica. 


O que hoje tem sub-região demarcada e denominada "Medieval de Ourém" resulta de métodos seculares introduzidos pelos Monges de Cister e secularmente repetidos. O seu antecessor vocabular - o "palhete" que as personagens interpretadas por António Silva e Vasco Santana tão deliciadamente degustavam foi um vinho afamado em Lisboa e Porto até meados do século XX perdendo notoriedade até ao quase esquecimento actual. O estabelecimento da sub-região foi o primeiro passo para a reversão desta tendência. Esperemos que produtores, promotores e consumidores tenham arte, engenho e vontade para fazer o resto.

 Vinho branco pintado com uvas tintaschama-lhe o presidente da antiga Adega Cooperativa de Ourém (hoje Divinis). É a sua composição - obrigatoriamente com 80% de uvas das castas Fernão Pires para mosto branco e 20% de Trincadeira para mosto tinto - que lhe dá esta característica. Um vinho forte, guloso, melhor bebido no tempo quente, com aromas de vinho branco que variam com o estado de maturação das uvas, combinados com aromas de tinto, normalmente amora, framboesa e morango. Vinhos macios no beber, untuosos e que preenchem a boca. E que merecem encher-nos a boca. (Ler mais aqui)

Em Ourém, é fácil encontrá-lo. E no resto do país? (Varia com o produtor; aqui está uma lista)

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