sábado, 30 de março de 2013

Novos tempos

Gastrónomo era, ouvi há dias  ao Eng. Bento dos Santos, numa boutade que apreciei, todo aquele que tinha dinheiro para comer caviar e beber champanhe - e o fazia.

Ah, bons tempos esses, em que o nome de família ou a patine dourada do cartão de crédito eram suficientes para o grau de doutor em ciências gastronómicas! Bons tempos em que, tratar por tu os grandes chefes da Europa garantia peroração mediática e ofício semanal nas páginas de referência do país... Bons tempos em que a qualidade da restauração se media pelo número de zeros necessários para pagar a despesa e caro era o claro objecto do desejo de muitos.

Good old days, quase arredados deste presente de chumbo e de lata. Páginas de gastronomia preenchidas com receitas de estrelas internacionais que nem cuidam de verificar se os ingredientes mencionais se encontram disponíveis no país, o grande Quitério encafifado em meia página par e a maioria dos grandes restaurantes à caça de um pingente de ar em luta desesperada pela manutenção.



Escrever sobre restaurantes é, no presente, uma interrogação. A que leitores nos dirigimos - à minoria que mantém o orçamento do passado ou à esmagada maioria que vê desaparecer disponibilidades? Qual o objecto do nosso desejo - o atingível ou o sonhado?

Procurar os melhores caviar e champanhe é ainda o nec plus ultra de uma gastronomia actual?

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